OS ENGENHOS
Registros documentais de 1760 nos revelam que a região do Cumbe já era bastante próspera economicamente para época. Contava com 9 engenhos de ferro de diferentes donos, 12 moinhos de vento que fazia o processo de irrigação do plantio de 2 km de cana-de-açúcar e a cachaça produzida nos engenhos do Cumbe era afamada no Ceará inteiro (BEZERRA, 1902).
Hoje esses sítios se encontram soterrados pelas dunas. No entanto, os livros de história do Aracati e do Ceará não fazem referências às pessoas que trabalhavam nos sítios e engenhos, desde a criação do gado, curtume da charque, como ao cultivo da cana-de-açúcar e as etapas da produção da cachaça. Entende-se que num determinado período os trabalhos realizados nos sítios e engenhos do Cumbe era realizado por negros escravizados, depois passando para o regime de servidão.
Nos Manuscrito do botânico Freire Alemão de 1859, publicado nos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro de (1961, pág. 273) o chefe da Expedição Científica, em visita ao Cumbe, onde ficou hospedado, fez o seguinte relato sobre os engenhos: “De manhã acordamos ouvindo gritos de quem tocava bois; era o engenho que movia. (...) O engenho consiste em uma máquina ou aparelho de moendas de ferro inglesas, como são todas as que têm visto aqui, exposta ao tempo e só coberta por um teto de palhas assentada sobre as aspas, e que se move com as almanjarras e apenas cobre as moendas. Dois bois puxam o engenho e um mulatinho metia canas, e há muito tempo tocava os bois. A cana é amontoada no chão ao pé das moendas; o caldo vai por uma bica, ou antes tudo de carnaúba para a casa da aguardente, que é pequena, tôsca e suja. Os alambiques têm as copelas de barro; bicos de carnaúba distribuem o caldo (garapa) para cochos, pipas, alambiques, etc.”
Como podemos verificar nos relatos documentais acima, as invasões ao território tradicional do Cumbe, desde o século XVII, já era cobiçado por atividades econômicas diferentes das práticas realizadas pelos seus habitantes, o que vem se repetindo até os dias atuais.
Alguns nomes de donos de sítios e engenhos do Cumbe: Sargento-mor Mathias Ferreira da Costa, Abel Lopes, Senhor de Castro, Bento Colares, Barbosa Lima, Luiz Correia, Marcelo, Mariquinha Pinheiro, Artur Clemente, dentre outros.
Já as cachaças/aguardentes produzidas nos sítios e engenhos do Cumbe, tinham os seguintes nomes: Gato Preto produzida nos engenhos da família Barbosa Lima, Água de Vida do Cumbe por Abel Francisco Lopes e a Marrasquino pelo Senhor Bento Colares. No Cumbe também existia fábrica de sabão, velas, licores e vinho produzido a partir da garapa da cana o vinho do Cumbe, produzido por um espanhol. Anais da Biblioteca Nacional (1961, pág. 277).