LUGARES DE MEMÓRIA
Santa Cruz do Cumbe
Marco importante para a comunidade construído na duna mais alta da região, toda em madeira de aroeira, medindo aproximadamente 4 metros de altura. Esta Cruz foi construída sob orientação do dono de engenho Abel Francisco Lopes, para marcar a passagem do século XIX. Para a população local o lugar é sagrado. Aos pés da Cruz são depositados ex-votos, artefatos em madeira, referentes a promessas/graças que foram alcançadas. Com o passar dos anos, no seu entorno, passou a ser o cemitério local, onde estão sepultados nossos antepassados.
Hoje com 117 anos, para se chegar a Santa Cruz do Cumbe tem que ter autorização de um dos empresários do camarão que atua na região. Por conta da privatização do acesso a Santa Cruz, constantemente se verifica conflitos entre moradores/as e funcionários da fazenda de camarão que proíbem o acesso por dentro da propriedade. Desta forma, já foi solicitado uma servidão de passagem que até o momento nenhum órgão público se pronunciou com relação a essa situação.
Capela de Nosso Senhor do Bonfim do Cumbe
Segundo alguns relatos orais, o primeiro templo religioso católico construído na região do Aracati, ficava no Cumbe. No Cumbe foram construídos três templos católicos, antes da atual capela. Vale ressaltar que o Cumbe teve igreja católica primeiro que Icapuí e Fortim, quando ambas eram distritos do município de Aracati. Atualmente, esses dois distritos se emanciparam e se tornaram importantes municípios do litoral leste do Ceará.
Com o passar dos tempos e por sucessivas mudanças que se deram no território, não sabemos identificar o local de construção dos três templos católicos do Cumbe. A atual Capela de Nosso Senhor do Bonfim do Cumbe, está situada ao lado da casa da família de Luiz Barbosa Lima, um dos donos de sítio e engenho, que durante anos era quem cuidava da Capela. No sino da Igreja, podemos encontrar talhada a seguinte inscrição: “Capela do Cumbe – Coronel José Correia Lima”. Por conta das constantes chuvas no fim do ano e pelo difícil acesso, a festa do padroeiro, Nosso Senhor do Bonfim do Cumbe, passou a ser celebrada no mês de novembro, dia de Cristo Rei.
Igreja de Nosso Senhor do Bonfim do Cumbe – Conforme Leal (1998, p. 160 - 161) no livro Igreja de Nossa Senhora do Rosário: a matriz de Aracati, diz: “É suficiente assinalar que, até então, o curato contava com apenas três capelas rurais: a de Ubaranas, a do Cumbe e a do Fortinho ou Fortim (34, pág. 9 e 10): [...] Nesta comunidade foram levantados sucessivamente três oratórios. O primeiro, em 1895, ao tempo do vicariato do padre João Francisco de Sá; o segundo, em 1917, no paroquiado do Monsenhor Bruno Rodrigues da Silva Figueiredo; e o terceiro, em 1942, no do padre Manuel Antônio Pacheco S.J.. Em 1947, teve início à construção da atual capela, solenemente benzida em 1949, por Dom Aureliano Matos, bispo diocesano de Limoeiro do Norte, em visita pastoral, sendo vigário da paróquia o padre Abdon Valério S.J”.
Casa de Luiz Barbosa Lima (Correia)
A Casa de Luiz Barbosa Lima e Osvalda Valente e Zé Bernardo – São atualmente as casas construídas de taipas mais antigas do Cumbe. As duas primeiras construções de taipa são em estilo colonial.
Sobre as construções das casas dos donos de engenhos, Freire Alemão assim escreve, Anais da Biblioteca Nacional (1961, pág. 273): “A casa do Senhor Castro é uma verdadeira sanzala, o corpo da casa coberto de telha, e todas as paredes de fora, e de dentro eram de palha sustentada por paus-a-pique de carnaúba; o chão de terra, e uma varanda ou copiar (latada) da frente coberta de palha”.
Ponte da Canavieira
Construída no ano de 1974, na administração do prefeito Abelardo Costa Lima, por Francisco Silvério de Oliveira (Seu Chiquinho da Mariquinha) que era carpinteiro da comunidade. Era considerada a maior ponte construída de carnaúba do Norte e Nordeste do Brasil. A atual ponte foi construída na gestão do ex-prefeito, já falecido, José Hamiltom Saraiva Barbosa. Com a chegada dos parques de energia eólica ao Cumbe, a Ponte da Canavieira passou por reformas para comportar o transito de máquinas e equipamentos pesados.
Sítios
No Cumbe existiam vários sítios que cultivavam coco, feijão, cana-de-açúcar, manga, banana, jerimum, batata, macaxeira e etc. Dentre eles destacavam: Noé Lopes, Luiz Correia, Marcelo, Dário Valente, Mariquinha Pinheiro, Artur Clemente e o Sítio Glória de propriedade do sargento-mor Matias Ferreira da Costa, que era o mais imponente de toda a região. Atualmente, boa parte das terras dos sítios encontra-se soterrada pelas dunas.
Sítios Arqueológicos
Segundo Xavier (2014) os sítios arqueológicos são “amontoados de conchas que datam de 5.000/6.000 AP (Antes do Presente) e que eram ocupados por grupos ceramistas Tupi e Tapuias e, em momentos mais recentes, por instalações dos séculos XVIII e XIX”.
Nas dunas do Cumbe e região foram encontrados 71 ocorrências arqueológicas, entre 53 sítios arqueológicos e 19 áreas vestigiais, representadas por adornos, fusos, pesos utilizados na atividade de pesca, vasilhas cerâmicas, instrumentos lascados, cachimbos, lâminas de machado polido, estes últimos encontrados em diversos museus do Ceará e do Brasil”.