foto: Victor Souza. Processo de contrução do Museu Arqueologico comunitário de Cumbe e Canavieira
OS DESAFIOS ATUAIS
Carcinicultura – criação de camarão em cativeiro
A partir dos anos 90 a Comunidade do Cumbe é surpreendida com a chegada da Carcinicultura – criação de camarão em cativeiro. Atividade que após destruir os manguezais no Equador, expulsar os pescadores/as dos seus territórios e criar a doença chamada de mancha branca, ocasionada pela alta quantidade de camarão por metro quadrado, e da utilização de vários produtos químicos nocivos às espécies nativas. Ao invadir as áreas de manguezais tem provocado o desmatamento e privatiza os espaços tradicionais de uso coletivo, sendo responsável pelo surgimento dos conflitos ambientais e sociais, por se tratar de uma atividade incompatível com as práticas tradicionais realizadas pelos pescadores/as quilombolas do mangue
do Cumbe. A atividade de criação de camarão em cativeiro gera injustiça ambiental, viola direitos garantidos constitucionalmente, além de criminalizar lideranças e movimentos sociais que denunciam seu rastro de destruição e degradação ambiental.
Exploração de Água pela CAGECE
Nos anos 70 a comunidade passa a fornecer água do lençol freático das dunas para abastecer a população do Aracati. A água que era de graça e de uso comum, passa a ser privatizada. Agora as famílias para ter água em casa, tem que pagar preços bem altos, comparados a renda mensal local.Com a retirada excessiva de água do subsolo do Cumbe, a fauna e a flora da região
e a flora da região começa a mudar, a desaparecer, a morrer. Lagoas nas dunas que permaneciam cheias de um ano para outro, secam rapidamente. O lençol freático começa a baixar abrindo passagem para o avanço da cunha salina sobre o território. Poços artesanais começam a salgar. Inicia-se um conflito que dura até hoje com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE.
Eólicas
Quando a Comunidade do Cumbe pensava de ter visto de tudo, em 2008, seu campo de dunas, passa a ser tomado pela instalação de três parques de energia eólica, com 67 aerogeradores, para produzir energia “limpa”. Ao se instalar no território tradicional, desrespeita o modo de vida local, destruindo dezenas de sítios arqueológicos históricos e pré-históricos. Registros de um povo que habitou a região do Cumbe há 12 mil anos, antes do presente.
O que contribuiu mais uma vez para o acirramento dos conflitos socioambientais no Cumbe. De um lado, empresários, governos e instituições públicas, além de uma parte das pessoas da comunidade, passam a defender os interesses das empresas. Do outro lado, pescadores/as quilombolas organizados, lutam e denunciam o projeto de morte capitalista, que favorece os mais ricos, gerando miséria e exploração.
Veranistas/especulação imobiliária
Outro desafio posto a defesa do território tradicional quilombola é a venda de terra para construção de casas para veranistas (pessoas de fora da comunidade que utiliza a casa nos fins de semanas, feriados e férias). Além da especulação imobiliária que vem crescendo no território.
Titulação do Território Quilombola do Cumbe
Avançar com o processo de regularização fundiária do território quilombola do Cumbe, exige um grande esforço entre diversos órgãos e instituições governamentais, responsáveis pela questão ambiental e defesa dos direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais. Ao reivindicar o reconhecimento do território do Cumbe como território quilombola, a comunidade está questionando a legitimidade da posse da terra. Mexendo com interesses diversos, o que vai dificultar o avanço do processo junto ao INCRA.