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A comunidade quilombola

A Comunidade Quilombola do Cumbe está situada no município do Aracati, litoral leste do Ceará, e foi certificada pela Fundação Cultural Palmares em dezembro de 2014. De maioria negra/quilombola, a comunidade é composta de 168 famílias, destas 100 se autodefinem como quilombolas, formada na sua maior parte, por pescadores/as quilombolas do mangue, agricultores/as, artesãos/ãs e demais ofícios, onde tem uma relação com seu território tradicional (manguezais, carnaubais, dunas,gamboas, rio e o mar) seu principal meio

de vida. Circundada a leste por dunas móveis e fixas com 67 aerogeradores eólicos, lagoas periódicas, sítios arqueológicos, pela praia e antigos sítios de engenhos; a oeste por carnaubais, fazendas de criação de camarão em cativeiro em todo o entorno, além do Rio Jaguaribe com suas ilhas, gamboas, apicum ou salgados e pelo manguezal. Compondo assim a única Área de Preservação Ambiental Municipal do Aracati – APA de Canoa Quebrada, que inclui as comunidades do Esteves, Canoa Quebrada, Cumbe, Canavieira e Beirada.

Sobre a origem do nome do lugar, assim encontramos algumas definições: Para Ratts (2000): “Cumbe palavra de origem africana ou afro-brasileira que significa quilombo. Cumbe é o nome que, na Venezuela, se dá aos quilombos – comunidades formadas por negros no período escravista”. “Nas línguas congo/angola tem os sentidos de sol, dia, luz, fogo e força trançada ao poder dos reis e à forma de elaborar e compreender a vida e a história” (D’Salete, 2014).

Quaisquer desses significados remetem à origem de matriz africana, com raízes na cultura banto de grande influência em todo o país. A palavra quilombo, no Brasil, passa a ter vários significados como lugar cercado e fortificado. Na língua quimbundo quer dizer arraial ou acampamento. Elementos esses, importantes, para entendermos o contexto das lutas e resistências, que vem se dando nos dias atuais no território do Cumbe. Características essas, que vem desde nossos antepassados, trazidos a força do continente africano para realizar todo o trabalho em regime de escravidão, e em alguns momentos no sistema de servidão nos sítios e engenhos do Brasil.

Três imagens diferentes da comunidade

A Associação Quilombola do Cumbe

A partir das ameaças que adentraram ao território, surgiu à necessidade de criar estratégias de luta e resistência que possibilitassem assegurar o território tradicional livre das ameaças econômicas.

Em decorrência desse contexto foi criada, em 2003, a Associação dos Pescadores/as, Artesão/ãs, Agricultores/as e Moradores/as do Cumbe/Aracati – CE, como forma de reunir mais pessoas na luta em defesa da comunidade, modo de vida e território, como estratégia de luta, resistência e afirmação da identidade dos pescadores/as quilombolas do mangue do Cumbe.

Logo da Associação Quilombola do Cumbe/Aracati-CE

A partir dai começamos a realizar trilhas ecológicas, passeios de barcos e aula de campo pela comunidade e lugares de memória. Nesta luta, junta-se a nós, alguns colaboradores/as, que criam na comunidade do Cumbe a Casa Maré das Artes, um espaço comunitário autônomo de compartilhamento criativo, realizando atividades culturais voltadas em especial as crianças e jovens da comunidade, em parceria com Associação Quilombola, como o cine Cumbe e rodas de leituras.

Território Tradicional Quilombola

Nosso principal desafio é avançar com o processo de regularização fundiária – identificação, demarcação e titulação do território quilombola. Além de decidir coletivamente o gerenciamento do território tradicional para o uso coletivo. Defender contra as ameaças econômicas que invadiram o território e que são responsáveis pela desorganização das práticas culturais. 

Cartografia desenvolvida por professores e alunos da UFC e pessoas da Comunidade Quilombola do Cumbe/Aracati-CE

O Território Quilombola do Cumbe é compreendido pelas áreas de moradia, lazer, trabalho, lugares de memórias, manguezais, camboas, Ilhas fluviais e pelo Rio Jaguaribe, além das áreas de carnaubais, campos de dunas móveis e fixas, lagoas dunares, sítios arqueológicos e faixa de praia.

TEXTO: João do Cumbe/ EDIÇÃO: Victor Santos

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